POEMA ÀQUELA QUE NÃO VEIO
Os teus olhos têm uma suavidade
de lenda antiga. Negros! mas sem trevas,
teus olhos para mim não têm abismos.
A eles fui, e só vi coisas tranqüilas.
Sobre eles, andam preces em vigília.
Se os teus olhos enlouquecessem e viessem,
seriam como dois cavalos negros,
seriam como dois cavalos negros,
atropelando a angústia dos meus olhos.. .
O teu corpo imaturo é de água límpida.
Límpida e tranqüila. Trás do teu corpo
o cheiro íntimo de luxúria ingênua,
ainda não libertada. . . A tua boca
onde alvoradas frescas desmaiaram,
tão cheias do frescor da madrugada,
tem que vir embalar-me, como um cântico ...
Não me trouxeste essa beleza calma,
morna, saudável, despreocupada,
que enche de luar os meus olhos tão turvos,
e que só pelos teus se desfraldaram ...
Se enlouquecesses e me procurasses,
queria que viesses cheia de acácias,
jogadas pelo vento, como palmas.
Um punhado de acácias nos teus seios.
Um punhado de acácias no teu sexo.
Mas, as tardes passaram e as acácias
rolaram pelo chão, inutilmente.. .
(BW)
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