SONETO DA MOÇA QUE MORREU VIRGEM
Quando eu entrei na sala, vi a morta
branca, bem branca, de olhos estagnados,
olhando para tudo e para nada,
com um desdém nos lábios contraídos.
Um rapazinho, amigo da família,
me sussurrou que ela morrera virgem,
e que seu corpo, que ninguém beijara,
era tão casto e branco, como os lírios ...
A mãe dela chorava quase nada.
A um canto, junto à morta, cochilava,
escorregando um terço nas mãos gordas ...
Se entrava alguém na sala, abria os olhos
e dizia que a filha inda era virgem
e que as virgens vão todas para o céu! ...
(BW)
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