domingo, 6 de fevereiro de 2011

QUANTO MAIS POÉTICO MAIS VERDADEIRO - Moacy Cirne

QUANTO MAIS POÉTICO MAIS VERDADEIRO

De cronista cinematográfico, nos anos 50, a crítico de cinema nos anos 60 e 70, a trajetória jornalística de Berilo Wanderley sempre se marcou pela elegância estilística e pelo conhecimento do objeto estudado. BW, como se assinava, era uma referência para todos nós, cinéfilos apaixonados de então.
Em 1957, eu já era um leitor atento das crônicas de BW: o meu interesse crítico por cinema começava a se plasmar. Neste particular, a sua importância adquiria contornos definidos. Mesmo quando não concordava com suas opiniões, procurava respeitá-las. Procurava  redimensioná-las.  
Afinal, a opinião de Berilo sobre cinema e sobre as coisas da vida era por demais importantes para muitos e muitos admiradores de suas escrevências, sempre sensíveis, sempre inteligentes. Uma citação de Novalis, colocada como epígrafe ao artigo sobre "Mon oncle", de Jacques Tati, serve para dar forma ao seu universo vivencial e existencial: "Quanto mais poético, mais verdadeiro". Em Berilo, quanto mais poético mais cinematográfico; quanto mais verdadeiro, mais humano. Sem dúvida, o sentido de humanismo que atravessa a crítica de BW, mesmo quando carregado de amargura, mesmo quando carregado de desencanto, contem os signos da mais pura ternura humana. Quem conheceu Berilo de perto, sabe muito bem o quanto ele era docemente humano, demasiadamente humano.
Suas cine lembrança o mostram de modo bastante claro. Assim como revelam, por outro lado, como era prazeroso ver filmes em Natal.
Berilo Wanderley mais do que um ícone da crítica cinematográfica natalense, um exemplo de comportamento humano, jornalístico e intelectual.
Moacy Cirne

Nenhum comentário:

Postar um comentário